// ModaLisboa|Estoril // Day 03

Terceiro dia da ModaLisboa Estoril… Casa cheia, programa recheado! O primeiro na lista foi José António Tenente, que perdemos porque a festa de lançamento da revista Park, sexta à noite na Estufa Fria, tornou humanamente impossível estar apto a trabalhar antes das 15h. Sabemos, no entanto, que o designer de moda utilizou como base da colecção um padrão de quadrados, que aproveitou nos seus diferentes formatos; Inspirado na década de 20, na coquetteria da mulher e na sobriedade do homem, sugeriu um Inverno romântico, feito de contrastes de tons sóbrios com vermelhos e escarlates.


O segundo desfile do dia (o primeiro para nós, portanto) foi uma surpresa, pela originalidade do conceito de apresentação da colecção e pela colecção em si, transmutável e versátil. Osvaldo Martins inspirou-se no cinema 3D futurista e criou um momento alienado de cinema no Auditório do Casino, subvertendo os habituais papéis de emissor/receptor .

O filme projectado era a plateia; o tempo era real, era o instante, e os actores misturaram-se com os espectadores para apresentar “Hipnose”, uma colecção de formas estruturadas e volumes desajustados ao corpo, em constante transformação diante dos nossos olhos.
O preto, o cinzento, o branco e o metalizado foram as cores escolhidas para os tecidos técnicos, impermeáveis, telas e sarjas de algodão, mousseline…

// Osvaldo Martins






Seguiu-se Aleksandar Protich, com uma colecção a mixar peças em bruto com sofisticação, estilo urbano e feminino com desportos de neve, numa clara apologia a uma nova geração de desportistas urbanos.
Aos extreme sports foi buscar o neoprene e a dureza de cortes , bem como detalhes característicos do desporto; depois, exaltou a feminilidade e delicadez com peças mais fluídas em leves em estampados tigresa. O resultado foi uma colecção de streewear, onde não faltaram o preto, os detalhes coloridos, o tie dye e os estampados femininos.

// Aleksandar Protich


A sci-fi, o futurismo e a tecnologia estão a dar cartas nas colecções para a próxima estação. Prova disso é a colecção de Lidija Kolovrat, que, inspirada pela interacção tecnologia-natureza, criou “Techno Nature”, o resultado artificial, mas ainda assim orgânico, do diálogo entre estas duas instâncias. Ao som da música feita ao vivo por quatro dj’s no centro da passerelle, desfilaram as criações da designer, “paisagens” de look total abertas à interpretação de cada um, onde coexistem harmoniosamente formas e materiais como o jersey, a lycra e a pele.
O FactoLab ficou encarregue dos cabelos, ricamente adornados e impecavelmente penteados. Adorámos o senhor desconhecido que desfilou para Lidija!

// Lidija Kolovrat




You Gotta Move” chegou até nós pelas mãos de Ana Salazar, a titã da moda portuguesa. Alimentada pela coexistência de formas díspares (maxi e mini; justo e oversized) e por um jogo de assimetrias, a colecção desenvolveu-se numa paleta de tons bem à imagem da designer, onde não faltam o preto, chocolate, titânio, azeitona e latão.
Com um look carregado, underground, as modelos encarnaram o espírito clash da colecção, carregando consigo jóias de Valentim Quaresma, chapéus de falso leopardo, e peças ora leves, de organza e rendas de lã, ora pesadas, em tweeds e pêlos.
No fim, Ana veio a palco agradecer, misturando-se com as modelos, num look bem ao jeito de “You Gotta Move”.

// Ana Salazar



Pedro Mourão, que na edição passada da ModaLisboa apresentou “Chocolate”, inspirou-se desta feita nos aviadores contadores de histórias e amantes dos 40’s para criar “Correio Aéreo”, a sua colecção masculina para o Outono/Inverno.
Entraram pela passerelle aviadores do século passado revisitados por Pedro, com um look contemporâneo e actual sem perder, no entanto, o encanto do je-ne-sais-quois do passado. Aqui, o slim usou-se do oversized para criar uma silhueta elegante, complementada por óculos de sol, gorros de couro, cachecóis de franjas hiper-longas e, claro está, o omnipresente bigode.
As lãs, couros e algodões foram os materiais escolhidos, e os beges, verdes, cinzas e castanhos as cores que mais se viram desfilar. Uma colecção que, quanto a nós, é uma sugestão a seguir para a próxima estação.

// Pedro Mourão


Mesmo com uma maratona de desfiles percorrida, o público continuava fiel aos criadores e, no penúltimo desfile, a sala estava cheia para receber Luís Buchinho.
Quem ficou, fez bem! Do Norte chegou-nos um mix da geometria e grafismo da “Art Dèco” dos anos 20 e do mood neo-romântico do início da década de 80, pela mão do designer. Uma colecção colorida, onde o beringela e o azul eléctrico foram reis no meio de cinzas e pretos e “pintaram” os mais diversos materiais, desde os jerseys ao jacquard.
Uma silhueta alongada resultante da mistura de volumes estruturados com linhas geométricas fluídas e suaves, um desfile de detalhes angulosos, drapeados déco, apontamentos em pêlo e metais. Indubitavelemente, o momento alto do dia, que conseguiu pôr-nos a ansiar o Outono quando ainda nem o Verão chegou…

// Luís Buchinho




O fecho do dia 03 da ModaLisboa ficou a cargo de Miguel Vieira. Seguindo a máxima modernista do desginer Mies van der Rohe em que “menos é mais”, Miguel Vieira usou-se do minimalismo para desenvolver uma colecção masculina de cortes retro e fatos cintados, e das formas orgânicos do modernismo, presentes na colecção feminina de silhuetas volumosas. Em ambas, e como é habitual, imperou a sofisticação e o glamour dos materiais e detalhes. Maioritariamente pretas, as criações de Miguel Vieira coordenadas com pumps e acessórios em acrílico, foram trabalhadas em lãs, falsos astracãs, sedas, caxemiras e veludos texturizados.

// Miguel Vieira


E assim foi o terceiro longo dia da ModaLisboaEstoril.
Amanhã há mais (mas só amanhã, porque depois a ModaLisboa só volta em Outubro).
Dia 03 - Over!




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